Poesia noturna
Era madrugada
Quando abri o livro
Todas as janelas davam para o nada
Silêncio e abismo
Só uns breves ruídos de porta
Pisos em falso na madeira
Riscos de botas
Nas beiras
E eu
No intervalo do corredor
Tendo nas mãos um prego
E apenas um tambor
Entre as cortinas
O apelo dos corpos
Som das esquinas
E copos vazios
A vontade que tinha
Era de me atirar
Do fio na linha de fogo
Na divisória entre o elo e o logro
Num cio
Eu
Matéria inflame
Toquei teu verso
Refiz meu nome
Te vi ali
Nos campos de trigo
Matando a fome
Sendo homem
De uma mulher.
- Iatamyra Rocha
"Se há alguma coisa sagrada,é o corpo humano.'
- Walt Whitman
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