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Mostrando postagens de 2017

Lumes

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A agonia de um Filósofo  Consulto o Phtah - Hotep. Leio o absoleto Rig - Veda. E, ante obras tais, me não consolo... O Inconsciente me assombra, e nele rolo Com a eólica fúria do harmatã inquieto!   Assisto agora à morte de um inseto...! Ah! Todos os fenômenos do solo Parecem realizar de pólo à pólo O ideal de Anaximandro de Mileto ! No hierático *areópago heterogêneo Das ideias, percorro como um gênio Desde a alma de Haeckel à alma cenobial!... Rasgo dos mundos o velário espesso; E em tudo, igual a Goethe, reconheço O império da substancia universal! - Augusto dos Anjos ->  Mais sobre Augusto dos Anjos       ---------- Lumes Falar do copo de leite sobre a mesa enquanto do poema a metáfora mata a sede fase difícil sede quando fases de difícil acenderia um cigarro se fumasse nessa condição avessa vício profundo ainda entranhado a meu pulmão escorro a palavra e ela vem leitosa de adorno por sobre a mesa como um copo de leite ou de lírio

Vida de pedra

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Vida de pedra Me encanta um seixo de formas arredondadas e lisas cor opaca e lisura ante a terra textura a perder de vista escorregadia a cada parecer de origem feito poesia, feito fuligem que solta da fumaça absorve contornos mais indiferentes feito asa de gente Na praia brilha a cada maré fazendo o caminho de concha sendo pedra feito fé de ostra quando a onda leva perfurar sua crosta só o sal do mar ascendendo a cada espuma na costa o verde e o azul propício enquanto ele mesmo sendo precipício a conforta   segue sua vida de pedra sendo seixo sendo ovo sendo ninho sendo pequenino voo sozinho ainda que seja terra o que a matéria afere. - Iatamyra Rocha "Lemos três ou quatro vezes na vida os livros em que há coisas essenciais." - Marcel Proust

O gênio francês Georges Perec

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Imagine fazer 300 páginas sem a letra e(et-a mais usada em francês)o Georges Perec fez no seu livro "La disparition"(desaparecimento)é um lipograma,ele fazia exercício de escrita constrangida(técnica literária)participava do grupo OuLipo que é uma corrente literária francesa formada por escritores e matemáticos que propõe a libertação da literatura,de maneira paradoxal,através de constrangimentos literários,a Oulipo é a literatura em quantidade ilimitada,o George Perec domina essa arte em potencial,nascido na Paris de 1936 ele foi romancista,poeta,argumentista,e ensaísta,judeu de origem polonesa,teve seu pai morto na frente de batalha,e sua mãe anos depois desaparecida,foi adotado,e educado em paris por sua tia,sua última obra “A vida:Modo de usar” é um quebra cabeças,cada capítulo corresponde a um aposento do prédio onde mora o personagem principal,o enredo é bem complexo matematicamente falando assim como a vida,a forma de escrever é parecida com o escritor argentino

A República

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Margens secas Neblina de poeira É deserto nessa bandeira Descrevo aqui nesse tempo Goles de papeis Do vento à mil pés Minha boca na tua boca Bebe esse brocado Rude é sua trama oca Encaixa a cada desenho Um botão ao lado Não sei se pétala de rosa aberta Perfuma cenho fechado Geografia inóspita Verso congelado Frio que desafia a órbita Em torno do hino amado Tango a vida feito gado Pasto ainda verde Ribeira de águas limpas Banha a sede de pertencer Viver é fardo pesado O mesmo peso de nascer Pautado de barro Numa ode de mãos barrocas Tigela de ágata E cutelo de louça Espaça e ata A língua  revolta Mar bravio De uma terra à vista Feita de Brasil. - Iatamyra Rocha "Ycatu* E assim vou Com a fremente mão do mar em minhas coxas Minha paixão? Uma armadilha de água, Rápida como peixes, Lenta como medusas, Muda como ostras. (*do tupi:água boa) - Olga Savary"

Encontros

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Caprichosa subiu as meias até o meio das coxas e resolveu desafiar o olhar anguloso jeitosa de tudo saiu meia coxa de encontro ao osso Sabia que ao dobrar a esquina as pernas iriam tremular antecipando o gozo de se fazer estar ali de frente face ao desconhecido indiferente ao vestido de poá Adiantou a vontade e enquanto caia a tarde deu mais um passo alheio a tanta saudade flutuava feito vento no tempo que arde A espera validava o giro que a terra lhe causara tantos desatinos em questão findara a quebrar o coração agora nas mãos um pássaro que voara sem direção Estava diante da próxima rua de muros verdes a boca seca e com alguma sede denunciava a ansiedade na verdade o encontro era uma esfera de tranquilidade Fazia coro ao peito a música que o eleito lhe cantara "Odara" gostaria de assim se deixar levar até os braços do amado sem cerimonias e versos atravessados apenas um bailar ri

Colunas

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Enterrem seus mortos! Diziam palavras numa coluna seguidas de ocas paredes, e ocre calçada pintada á carvão não queria esta tarde não ouvia a distante poesia abria com minhas próprias mãos o vermelho que caia servia apenas como aquela coluna fria, inerte, silenciosa queria de verdade entre o peito profunda rosa mas, a muito a secura do caule; o furo dos espinhos tinham a arrancado De que serviam as palavras sepultadas? se nos versos mais escuros não existiam nada, além daquele poema sustentando o telhado, além de te dizer daquele amor amado repito os mesmos gestos dos antigos poetas não sofro aquela métrica fria, finjo apenas o que esvazia pego ainda no ar fingindo saltar algumas partes vazias mas, é de amor inteiro toda minha poesia Hoje acordei algumas dores preciso delas, assim como à me compor sou delas e não as tenho pela metade sou parte inteira dessa carne, que arde agarro num abraço, este aço que corta este maço que transporta meu

Mulheres poetas

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Na semana da mulher uma postagem especial com algumas poetas que fizeram história na literatura Mundial, escrever não é fácil, é preciso abdicar de muitas coisas naturais para a sociedade atual, e exercer uma postura quase altruísta em relação ao movimento humano, é preciso amar as palavras,e acima de qualquer coisa buscar a verdade, ao articular, e proferir nossa história humana, seus caminhos, sonhos, matéria, construção e civilidade, a mulher poeta é uma consequência de muita luta travada por seu espaço no mundo, desejando que resulte, no nascimento de uma nova postura, novo olhar ao mundo; a mulher na sua jornada, se multiplica, se desdobra, para a formação desse filho: "Sua obra". - Iatamyra Rocha Começo com:   Gilka Machado   poeta brasileira, carioca de 1893, e falecida em 1980. Mais sobre a poeta Gilka Machado.  Fecundação Teus olhos me olham longamente, imperiosamente... de dentro deles teu amor me espia. Teus olhos me olham numa

Umbilical

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Volta e meia Contorço o verso Torno cheio com as mãos Circulo veio Escorre o chão Arredondando devagar Arranco tronco Marola no mar Diminuindo cada volta Casco duro de imbua Concha redemoinha no ouvido Labirinto de rendeira,não Poá Abrigo no ventre próprio Acolhido encolhido Engolido lido Umbigo Micróbio Dobro em várias partes Desdobrando marte Miolo volto Embolo de arte Palavra mole Flexível ao fole Bole aqui dentro Contentamento Arbóreo Descrevo enquanto Abstrato laboral Quântico cântico Residual Aquoso é o poema Escoou na pedra Escoro quorum à medra Até ponto de fio. - Iatamyra Rocha "A um passo do pássaro res piro." - Orides Fontela

Ofício

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Tenho olhos vazados Do tempo que já vivi Ocos vitrificados Deserto do que nasci O risco ao lado fóssil Enumera toda poesia Vivida de todo ócio Que um dia ali havia Não há mais o lírico Os suspiros até a ultima estrofe Meu verbo agora empírico Segura forte a morte Minhas mãos odes quebradas Meu sorriso enferruja quando há flor Minhas pernas pesadas Seguram meu amor Meu corpo inteiro É luta travada Línguas de outros celeiros Vozes habitadas Certeiros versos atingem o luar Múltiplas formas de lua Causaram esse cantar Na voz tão rouca e nua Este poema traz o alivio Da palavra consistente na garganta Corpórea poesia crivo Na tradução santa Martírio não é exato Santidade é estar no livre ato De destino inexato Viver é simples de fato Cai ao lado alguns ossos E o caderno do santo oficio Deus não mandou esforços Para se viver em sacrifícios. - Iatamyra Rocha "Deus, me dá cinco anos,