Digitais







Há riscos na palavra
grafias inexatas de cordas
faltam pulsos digitais
formas nas bordas
desemboque livre aos gritos
a mudez roeu e o nu navega
nega, nega que tua cor pula abismos
a raça canta total lirismo
e a rata comeu o que a gata perdeu
não é só cinismos, é nadismos
feitos de águas claras nos olhos
óleos perfumados de mar
porão e esgotos lenhados nas costas
cheiros de sal e bosta
hóstia sagrada dos caminhos
pão amassado com os pés
dados jogados ao revés
djabos não vestem pratas fundidas
só pradas fudidas tolas ralés
há o pássaro e a garganta
ele corta rasante as linhas e canta
aço na rinha espanta
assim é o riscado quadrado sem oito
grades perduradas coito afoito
fôlego métrico sem mapas
tapas pelas chinchilas mortas
hortas de haxixe a lá Bangu
rio abaixo e rio acima
Piracemas no Pirarucu
porque te quero verso
no reverso construído de amor
e a palavra vale a pronuncia
despida de toda dor.
- Iatamyra Rocha

Carta

Meu caro amigo,
estou cansada de tentar
fazer o correto;
tudo me desalinha.
Sigo, decerto,
sem a menor noção
do que é certo;
vou bem.
- Elaine Pauvolid - Poeta Carioca
 








Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

As mãos

Madrugadas

deja vu